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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Presença da Otan e petróleo causam crise entre Rússia e Ucrânia Comandada pelo presidente Petro Poroshenko,


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Estreito de Kerch foi reaberto pelos russos

Estreito de Kerch foi reaberto pelos russos

Pavel Rebrov/Reuters/26-11-18
Rússia e Ucrânia iniciaram nesta semana mais um capítulo na crise entre os dois países, que se prolonga formalmente desde 2014, quando o governo russo anexou a península da Crimeia.
E o motivo para este novo conflito, que fez, no último domingo (25), os russos bloquearem o Estreito de Kerch, apreendendo três navios militares, com a tripulação e, segundo a Ucrânia, ferindo alguns tripulantes, expõe novamente os interesses políticos e econômicos que envolvem a região, rica em petróleo e gás natural.
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Para o professor Vladimir Feijó, de Relações Internacionais do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), a preocupação da Rússia é evitar que as potências ocidentais tenham acesso fácil aos produtos regionais, por meio da Ucrânia.
"A Crimeia, anexada pela Rússia, é a única base com fluxo de navios o tempo inteiro e que tem grande parte das reservas de gás natural e petróleo explorados na região. A Rússia tem, por isso, muita pretensão em consolidar forças navais e ter muita segurança de que a produção econômica dela não seja ameaçada por outras potências."
A Ucrânia, por sua vez, busca se aproximar cada vez mais dos países ocidentais, para diminuir a grande dependência que boa parte da economia do país ainda tem da Rússia e de ex-repúblicas soviéticas, conforme afirma Feijó, que participa de um grupo de estudos sobre o tema.
Comandado pelo presidente, o empresário bilionário Petro Poroshenko, pró-Ocidente, o governo ucraniano busca ingressar na Otan e na União Europeia, algo que pode ocorrer a partir de 2020.
"Já há a presença da Otan na região e, por parte da Rússia, há grande pressão para que a Ucrânia não se ocidentalize, não volte sua atividade política e econômica para a Europa. Ainda há parte significativa  da economia da Ucrânia voltada para a Rússia e para as ex-repúblicas soviéticas. E para reduzir a dependência da Rússia, é intencional para o governo ucraniano ter novos parceiros em especial na Europa ocidental."
Controle da península
Por muitos anos, a Crimeia pertenceu à Ucrânia, após o governo soviético, comandado na época por Nikita Kruschov (1953-1964), ter passado a região para o controle do país que, mesmo com certa autonomia, fazia parte da União Soviética.
Com o fim da Guerra Fria, porém, a Ucrânia passou a ser cobiçada por países da Europa ocidental, por causa da riqueza energética da região da Crimeia. Ciente disso, a Rússia buscava sempre ter presidentes ucranianos que mantivessem o vínculo com Moscou.
Foi o caso de Viktor Yanukovytch que, em 2010, foi eleito presidente com uma plataforma pró-Ocidente mas, na prática fez uma política pró-Rússia, assinando vários contratos para a passagem de gás natural por meio de gasodutos na Ucrânia.
Foi deposto em fevereiro de 2014, após três meses de fortes protestos da população e hoje está exilado na Rússia. Dias depois a Crimeia foi anexada à Rússia e, em março, um plebiscito apoiou a anexação.
Com a retomada do controle da península, o governo russo viu a necessidade de interligar a região à Rússia. Não havia alternativas de transporte terrestre para a área. Feijó lembra, neste sentido, que o governo Putin construiu estradas, pontes e ferrovias, intensificando o controle do território. Tais iniciativas desembocaram no mais recente atrito entre os países.
"No passado, não existia conexão territorial da Rússia com essa região, todas as estradas e ferrovias passavam pela Ucrânia. Em 2018, no segundo semestre o Putin inaugurou uma rodovia e uma ferrovia ligando o resto da Rússia à Crimeia, dentro dessa estratégia de fortalecer a conexão com a região."
Veja o vídeo: Especialista analisa exercícios militares russos



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