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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Cúpula do G20 tem início em Buenos Aires

Conferência deste ano ocorre sem protagonismo do Brasil e no momento mais frágil da gestão de Donald Trump


Cúpula do G20 tem início em Buenos Aires
Guerra comercial e tensão coma Rússia prometem estar entre os temas desta edição (Foto: G20/Divulgação)
A cúpula do G20, reunião das vinte maiores economias do mundo, começa nesta sexta-feira, 30, na capital argentina Buenos Aires.
Já desembarcaram na cidade, para a abertura do evento, líderes como o presidente dos EUA, Donald Trump; da Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jinping; da França, Emmanuel Macron; da Coreia do Sul, Moon Jae-in; da Turquia, Recep Tayyip Erdogan; os primeiros-ministros da Austrália, Scott Morrison; do Canadá, Justin Trudeau; do Japão, Shinzo Abe; e do Reino Unido, Theresa May; além do príncipe saudita, Mohamed Bin Salman, e do presidente do Brasil, Michel Temer.
A chanceler alemã, Angela Merkel não chegará na hora prevista. Um problema técnico no avião que transportava Merkel obrigou o piloto a fazer uma escala em Colônia, na Alemanha, o que atrasou o cronograma da chanceler.
A cúpula – que foi criada em 2008, para discutir formas de conter crises financeiras, como a que abalou o mundo naquele ano – promete ter como temas principais nesta edição a guerra comercial entre EUA e China, a tensão entre Rússia e Ucrânia e o protecionismo.
Os presidentes do Brasil e dos EUA chegaram ao encontro num momento que suas respectivas gestões atravessam momentos delicados. Trump desembarcou em Buenos Aires um dia após Michael Cohen – que durante dez anos atuou como seu advogado e, já na Casa Branca, foi um dos seus conselheiros mais próximos – se declarar culpado por mentir perante o Congresso americano, durante um depoimento ligado à investigação sobre a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.
Cohen disser ter mentido ao afirmar que Trump não buscava fechar um acordo para um projeto imobiliário em Moscou, ao mesmo tempo em que estava em campanha presidencial. Ele afirmou ter mentido por lealdade a Trump, que durante toda sua campanha presidencial sustentou a mentira em várias declarações. Em agosto deste ano, Cohen já havia admitido ter burlado as leis de financiamento de campanha em prol de Trump, e chegou a ser detido.
A resposta de Trump não contribuiu para melhorar sua situação. Na última quinta-feira, 29, ao saber da notícia, o presidente americano disse que “mesmo que ele [Cohen] esteja certo, isso não importa porque eu tinha autorização para fazer o que quisesse durante a campanha” – algo que os procuradores americanos discordam.
As declarações de Cohen colocam Trump no momento mais frágil de sua gestão e comprometem seu plano de se reeleger em 2020. Elas podem levar a Câmara dos Representantes dos EUA – que no ano que vem terá maioria democrata – a julgar novamente se Trump mentiu durante campanha e se cometeu obstrução de Justiça por ter se recusado a indicar um novo procurador-geral após ter demitido Jeff Sessions do cargo.
Tais acusações têm potencial para desencadear um impeachment, num momento que seis em cada dez americanos desaprovam a gestão de Trump. Segundo um artigo publicado na revista Foreign Policy, a posição atual de Trump fará com que ele evite vários encontros durante a Cúpula do G20, além de enfrentar olhares de líderes que se questionam quanto tempo ele ainda vai durar na Casa Branca.
Já o Brasil chega ao encontro com prestígio abalado e sem sombra do protagonismo regional observado em anos anteriores. Segundo informações do portal Uol, Temer desembarcou em Buenos Aires com apenas dois encontro bilaterais marcados: um com o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison; outro como primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong. A agenda de Temer não conta sequer com um encontro com o anfitrião do evento, o presidente argentino Mauricio Macri, com quem Temer teve um bom relacionamento logo que assumiu a presidência.
Afundado em uma crise financeira e política que entra em seu quarto ano, o país perdeu o apelo que tinha perante investidores estrangeiros e a credibilidade entre líderes por conta do impeachment, da turbulenta eleição presidencial deste ano e da polarização política vivida pelo país.
Além disso, as declarações depreciativas do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o Mercosul e a recente decisão do Brasil de não sediar mais a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-25, também contribuíram para a marginalização do país no evento.
A COP-25 serviria de palco para a implementação do Acordo de Paris, pacto do qual o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) é crítico e já afirmou que planeja retirar o Brasil. A decisão de não sediar mais a conferência foi anunciada pelo Itamaraty, que apontou como motivo “restrições fiscais e orçamentárias, que deverão permanecer no futuro próximo, e o processo de transição para a recém-eleita administração, a ser iniciada em 2019”.
Bolsonaro e seu futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, entraram em contradição, ao serem questionados por jornalistas se tiveram papel na decisão do Itamaraty. Enquanto Lorenzoni afirmou que a decisão foi tomada unicamente pelo Itamaraty, Bolsonaro disse que houve participação dele na decisão.
“Ao nosso futuro ministro [das Relações Exteriores], recomendei que se evitasse a realização desse evento aqui no Brasil”, disse Bolsonaro, em referência a Ernesto Araújo, que foi apontado pelo presidente eleito para o comando do Itamaraty e também é critico do que chama de “alarmismo climático”.
Em uma conversa com Macri nesta sexta-feira, Emmanuel Macron defendeu a necessidade de fechar um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, mas ressaltou que a eleição de Bolsonaro pode representar um obstáculo para isso. “Houve uma mudança política no Brasil, e o Mercosul deve avaliar o impacto desta mudança”, disse Macron ao presidente argentino.
O presidente francês também destacou que não pretende assinar acordos com países que não estiverem dispostos a cumprir o Acordo de Paris. “Não sou favorável a assinar entendimentos com países que dizem claramente que não o respeitarão”, disse Macron.
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